domingo, agosto 06, 2006

Como tenho tido pouco tempo para dissertar neste blog, vou postar um texto que redigi ano passado, o mesmo trata de cinema, comunicação e ... McDonald's ? Bom, não direi mais nada, espero que leiam e se divirtam, ou melhor reflitam.

"Cuide do cliente e o negócio cuidará de si mesmo."

A frase acima citada foi o lema de muitas empresas que estavam nascendo na década de 50 nos Estados Unidos. Estas cresceram, se multiplicaram e hoje formam o que chamamos de grandes redes mundiais e, entre elas está uma das maiores ( senão a maior ) cadeia de fast-food do mundo : o McDonald's.

O documentário em questão, dirigido por Morgan Spurlock que também atua no mesmo, trata justamente da questão de como as grandes corporações ( como o McDonald's, por exemplo) se comportam em relação ao consumidor e as conseqüências que este tipo de comida pode causar à nossa saúde, principalmente a quem tem o hábito de se alimentar basicamente disto.A idéia de produzir o documentário surgiu quando duas adolescentes americanas processaram o McDonald's por acreditarem que a causa da obesidade delas era a comida consumida na rede fast-food. Mas será que apenas a empresa é a culpada neste sentido ? Onde termina a responsabilidade pessoal e começa a responsabilidade empresarial ?

Cineasta de primeira viagem, Spurlock demonstra um extraordinário ímpeto investigativo, que contribui para dar a este filme a credibilidade de que ele precisa logo de saída. Se ele se limitasse a filmar suas 90 refeições, seria insuportável. Mas o diretor transforma sua experiência em algo a mais. Em primeiro lugar, procura amparo científico, sendo examinado por 3 médicos antes, durante e depois dos 30 dias. Consulta 100 nutricionistas de todas as partes dos EUA sobre conveniência do consumo da comida do McDonald's, ainda que poucas vezes num mês. Também pega a poderosa rede em flagrante descumprindo sua própria propaganda, ao não colocar a tabela de calorias em um lugar bem visível em várias das lojas visitadas por Spurlock.É bem verdade que há um certo exagero por parte de Spurlock em "constatar" que a comida vendida pelo McDonald's pode causar dependência, o que não foi comprovado cientificamente (ainda). Por outro lado ele tenta ( e consegue) polemizar a questão tratada no filme, englobando ainda o modo como a mídia procura manipular a nós, consumidores. Mostra ainda uma cena "cômica" onde ele pede para algumas pessoas declamarem o hino nacional americano e estas erram várias vezes, mas quando ele diz para estas mesmas pessoas cantarem o "jingle"( música) do BIG MAC , elas cantam-no de cor, comprovando o efeito-dominó criado pela marca.

Mas a rede de lanchonete está longe de ser o único endereço de hábitos duvidosos de alimentação. Por incrível que pareça, o mal começa nos refeitórios de inúmeras escolas, que oferecem apenas alimentos prontos repletos de carboidratos, gordura e açúcar e nada de alimentos frescos, como verduras, legumes e frutas. Spurlock comprova os efeitos nocivos da adesão ao fast-food. Seu sacrifício, que no final lhe acarretou altos índices de colesterol e demais efeitos colaterais, porém tem tudo para ter efeito pedagógico. Será difícil acreditar que alguém queira repetir a mesma experiência que presenciou na tela. Seja nos EUA ou qualquer outro país.

Esta é uma boa dica de DVD para aqueles que quiserem assistir a um documentário de qualidade, que possui pitadas de ironia à lá Michael Moore. Quem alugá-lo vai ter ainda o privilégio de assistir aos extras do longa que não foram exibidos no cinema. Como por exemplo uma entrevista interessante e que acrescenta muito no sentido informativo, que Spurlock faz com o autor de um livro, cujo tema... adivinhem? Trata da mesma questão abordada no documentário : o McDonald's.Faça um favor a si mesmo e assista a este documentário. Sua saúde agradece !